quinta-feira, 4 de junho de 2009

Creio em você


Chega mais um fim de dia, o anoitecer vai tomando conta do céu. A luz com todo seu esplendor dar lugar a serenidade dos raios prateados da Lua. Já não é mais dia, a noite toma conta da minha vida e com ela o frio vazio de um coração triste, desolado. Tenho agora, somente a companhia das estrelas e o olhar cuidadoso da Lua que vigia meus passos. Solitário, me pego a viajar por um mundo de fantasias, onde o medo e o desejo de ser feliz contrastam com a fragilidade do orvalho que derrama sobre as folhas e caules ásperos na madrugada sertaneja.
Fecho os olhos, sinto o aroma da terra castigada pelo sol que ao poucos a tua imagem, meio desbotada, torna-se evidente na minha mente. Como um clarão, uma luz forte, quente, mas aconchegante, que aos poucos domina a minha mente como o nascer do Sol. Sim! O teu rosto é com a luz do dia, clareia e aquece a minha vida. Quando fechos os olhos posso perceber os teus olhos, pequenos, porém, profundos e amáveis. Vejo teus lábios, macios como a superfície delicada da pétala da flor de um mandacaru que se desabrocha anunciando um período de bonança. Teu sorriso, escondido atrás dos montes, meio tímido, que aos poucos, rasga-se como o céu, fazendo toda a terra calejada pelas agressões da vida ter a esperança de um dia ser umedecida pelas gotas de uma chuva que alegra e enche os corações dos homens por uma nova vida.
Ah! Tuas mãos delicadas e majestosas acalentam minha alma como uma brisa suave que sopra a felicidade de um amanhecer. Tua voz, forte, grave, ecoa entre os espinhos das juremas, dobrando e balançando os seus caules secos que durante a estiagem perdeu o encanto das suas folhas. Concordo com os cantos das avoantes que avoaçam entre os espinhais aos raios solares que a tua presença na minha vida é como as preces dos retirantes aos santos em noites de novenas, os quais clamam aos céus gotas de esperança. De fato, tuas palavras são chuvas que molham a terra seca, faz fecunda a vida, germina as sementes do amor, renascendo a aliança entre o homem e a natureza.
Já não me sinto sozinho. A terra já não é mais seca. Tua presença inundou de vida o sertão do meu coração. Digo confiante, como o sertanejo crer na chuva para a sua lavoura, tenho a certeza que seu carinho é o fertilizante da minha terra. Não sei do amanhã, pois como retirante desta vida, vivo cada dia como se fosse único. Não me apresso, pois as chuvas que caem no sertão, embora, escassas, são bem-vidas. Ter a paciência do lavrador e a sua sabedoria para trabalhar a terra e fazê-la fecunda não é segredo para aqueles que desafiam a vida em busca da felicidade. Confiar em ti é confiar que após a estiagem vêm sempre as chuvas.

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