
Aprendemos a engatinhar, a dar os primeiros passos. Saboreamos o mundo pelos sentidos que aos poucos descobrimos o prazer de ser humano. Cada som, cada sabor, cada textura, cada cor nós fazem criar um repertório de sensações que em conjunto tornam-se arquivos mentais. São lembranças, recordações de experiências que guardamos em nosso ser para em determinados momentos serem abertos e saboreados como aconteceste no primeiro contato. Porém, nem todas possuem sabores agradáveis. Infelizmente, não podemos descartar os momentos ruins de nossa mente. Embora com o tempo sejam esquecidas, não são excluídas.
O tempo vai passando. Começamos a interagir com o mundo. Criamos vínculos sociais, participamos da vida em sociedade. De certa forma, somos levados a crer que para continuar no mundo é preciso entender o sentido da vida. Sentido que nos leva a seguir em frente, a continuar a nossa jornada existencial, embora muitos de nós, não compreendemos as razões de estar vivo.
Viver é objetivo de cada um de nós. Já dizia Mário Quintana: “Tão bom viver dia a dia... A vida assim, jamais cansa...”. Aproveitamos cada dia como se fosse único. Deixamos o futuro para o futuro, se que é que existe. O amanhã é incerto e nada melhor do que viver intensamente o presente. Porém não podemos nos esquecer da linha do tempo. Ela existe e não pode ser apagada. Temos que seguir em frente. Caminhando passo após passo e, se pudermos aprender as lições da vida que nos são dadas a cada instante.
Nessa caminhada, somos bombardeados por inúmeras informações, padrões, preceitos e conceitos. A estética, o valor exterior é valorizado em detrimento ao interior. Somo objetos e, quem sabe mercadorias que um dia poderá perder seu prazo de validade. O tempo se torna cruel, de uma beleza juvenil a um padrão lânguido geriátrico, quando temos como paradigma os estereótipos da vaidade mercantil. Para tudo se tem um preço, um valor, uma taxa a ser paga. Mas será que a morte tem algum valor? E a vida quanto vale?
Aprendemos apreçar nossas atitudes e, principalmente, as dos outros. Quem nunca pagou caro por um erro cometido ou quem obteve lucros com os acertos? Nossa vida, aos poucos, torna-se moeda da vaidade mercantil. Tentamos a todo tempo congelar o tempo, a parar. Inútil tentativa, o tempo continua o seu “tic-tac” frenético. E como loucos, buscamos aproveitar cada segundo da nossa vida, da nossa juvenilidade. Posto, quando chegar a idades avançadas de nada adianta viver se somente temos que esperar os olhos serem cerrados.
O tempo segue seu curso e as marcas dos anos vividos dilaceram nossos rostos. Ao defrontar um espelho vemos o quanto o tempo passou e com ele as recordações vêm à tona. Todas as rugas são momentos vividos. São saudosas recordações de uma época jovem. As fotos que retratamos os nossos bons momentos com o tempo vão tornando-se amaraledas, desbotadas e sem vida. O tempo passa para todos. Não adianta fugir. É nossa sina.
Enfim, chegamos à velhice. O tempo esta findando. Os dias agora são lentos, tristes e amargos. Não temos a beleza de antes e nem vigor da juventude. Será que temos algum valor ainda? O tempo passou e o que aprendemos com ele? Que lições o tempos nos lecionou? Aproveitamos cada instante. Sorrimos. Choramos. Reproduzimos e demos frutos. E o tempo foi passando devagar, minuciosamente, ensinando a grandeza da vida que poucos tiveram a oportunidade de dar a devida atenção.
Preocupamos mais com os bens, com os valores e status que esquecemos o verdadeiro sentido da vida. Devoramos os conhecimentos, cultura, informações e nem ao menos se quer entendemos o porquê de nascermos. Reclamamos do mundo, das pessoas, da violência, da falta de ética, da moral, enfim, reclamamos da vida. Santa injustiça. Nascemos para a vida e criticamo-la veemente. O tempo, sem dúvidas, para muitos, é mal que assola nossa alma.
Infelizmente só entendemos as lições do tempo quando não podemos mais retomar as rédeas da nossa vida. Frustramos ao saber que vivemos e não soubemos aproveitar a vida que foi dada a nós ao nascer. O tempo acabou e a morte chegou. Nossos olhos estão cerrados. A morte física contrasta com a morte espiritual que durante os anos foi sucumbida e sepultada pela arrogância de ser humano.
O tempo não é bom e nem mau. Somos nós que fazemos dele ser prazeroso ou maléfico. Ele é um mestre que, pacientemente, sem pretensões, nos ensina a grandeza da vida, o sentido de existir, mesmo que só podemos compreendê-lo nos últimos segundos de nossa passagem terrena.
Nascemos para a vida e, para tal, precisamos ver o mundo com os olhos da alma, a sentir o sabor da vida com o paladar da convivência, a tatear as pessoas com o tino da razão e emoção, a escutar a natureza humana com os ouvidos do coração. Só assim, poderemos entender o que o grande mestre quer nos ensinar. A vida é para ser vivida, apreciada, degustada. Embora não se possa perder a dimensão de sua natureza. Cada dia vivido é uma lição que devemos executar. Temos o dever de aprender a conviver com o próximo e consigo mesmo. Eis o maior desafio, aprender a lidar com os rompantes do nosso ser. Enquanto não nos conhecemos não podemos conhecer o próximo e muito menos o mundo exterior.
Viver é mais do que curtir o dia após dia. É tenta entender a magnífica missão que recebeste ao nascer e fazê-la a serviço da humanidade. Buscar a felicidade é compartilhar momentos com o planeta. É interagir com a natureza. É entender o clico da vida e aceitar suas estações. Cada fase de nossa vida é única, não poderemos voltar atrás, mas sempre podemos recomeçar. Tentar o impossível. Conquistar o absoluto. Experimentar o dom da vida.
O tempo nos ensina a cultivar a paciência. A esperar e acolher, de coração aberto, os presentes que a vida nos dar. Ensina-nos a semear, a trabalhar a terra das emoções para ter uma colheita de bons frutos. Com ele podemos aprender que uma palavra amável vale mais do que uma enciclopédia de justificativas e lamentações. Viver é, pois a maior aventura que somos desafiados a conquistar. E, se um dia, ao fim dos seus dias, quando achares que o sopro da vida não faz parte dos seus pulmões, não te desesperes, ainda há tempo para respirar e ser feliz, mesmo que essa felicidade dure apenas alguns segundos. Contudo, se ainda tens a mocidade e, mesmo assim, não compreendeu as lições do tempo, também não te desesperes, feche os olhos, cale-se para o mundo e escute os sentidos da alma. Ela dará as soluções para sua vida. Entretanto, saiba que o tempo não para, mas há tempo para tudo e, especialmente, para que tu sejas feliz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário